Estradas de Portugal quer "branquear responsabilidades"

As comissões de moradores de Santa Cruz de Benfica e Damaia afirmam que as declarações da Estradas de Portugal sobre o "egoísmo" de habitantes afectados pelas obras da CRIL visam "branquear a responsabilidade" da empresa sobre atrasos e custos.
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"Estas declarações são falsas e de conteúdo calunioso. Os moradores afectados sentem-se profundamente ofendidos", referem as comissões num comunicado enviado à imprensa.

Na quinta-feira o presidente demissionário da Estradas de Portugal (EP), Almerindo Marques criticou o "egoísmo" de algumas pessoas que moram junto ao novo troço da Circular Regional Interior de Lisboa (CRIL), cuja expropriação de terrenos custou "milhões" ao erário público e implicou atrasos.

As comissões de moradores dizem, contudo, que o valor das expropriações propostas pela empresa em Santa Cruz de Benfica (para parte dos terrenos, nas traseiras das casas) ficou "muito abaixo" do valor de mercado" e, em alguns casos, representou uma "perda de cerca de 50 por cento" do valor das propriedades.

"De uma forma geral a EP avaliou as moradias numa base de custos de construção (terreno mais obras), conforme lhe convinha, e não pelos valores de mercado, com grande prejuízo para os moradores", argumentam as comissões.

Os grupos rejeitam também a ideia de que houve exageros nas indemnizações aos moradores.

"O responsável da EP estará a referir-se aos casos como o do Patriarcado, que recebeu 1,2 milhões de euros por uma faixa de terreno na Buraca, valor que excede em muito o preço por metro quadrado na Avenida da Liberdade (três mil euros) ou mesmo nos parisienses Champs Elysées (sete mil)", dizem.

Quanto aos atrasos na conclusão do troço Buraca-Pontinha, que abre no domingo, os moradores entendem que se deve a "mau planeamento, falta de estudos técnicos credíveis ou à forma precipitada e atabalhoada" como o processo avançou.

Acerca da declaração de Almerindo Marques sobre terem havido "exageros de uma minoria do absoluto direito de propriedade privada face ao valor relativo do direito colectivo", as comissões dizem que o responsável pressupõe o "princípio do Estado todo-poderoso".

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